Conversei com alguns dos primeiros caras que começaram escrever letras de rap, sobre histórias vividas e observadas aqui no bairro da Tapera. Por alguns motivos preferiram não se identificar. Ao perguntar qual foi a motivação para começar a escrever essas músicas, um deles me disse "Desde moleque assisto muitas coisas erradas no meio bairro, na sociedade, o rap foi a única maneira que encontrei para me livrar dessa agonia. Comecei então a me expressar através de versos, que se tornaram músicas e que até hoje tocam pelas ruas."
Também perguntei o que isso mudou para ele e no bairro aonde vive?
"Nunca falei para ninguém que eu fazia música, então quando fiz a primeira passei para alguns amigos que foram chegando à outros, uma vez saindo da escola, parei no ponto de ônibus e um rapaz estava com o celular na mão tocando meu som. Isso me deixou empolgado, mas ninguém sabia o motivo, eu simplesmente ria porque ninguém sabia que aquela voz era minha. As pessoas começaram a se identificar com a letras e perceber que aquilo era verdade, e que tinha algo de errado acontecendo aonde vivemos. As músicas são um meio de soltar toda a energia e a aflição que tenho guardado dentro de mim, e isso faz as pessoas refletirem.
Eles me mostraram muitas letras que ainda nem foram gravadas, versos pesados, fortes e que as vezes podemos confundir até com filmes de terror. Se for possível publicarei aqui no blog alguma dessas canções. Músicas que relatam o cotidiano na visão desses caras com habilidade para rimar, com raciocínio rápido, que escrevem suas histórias e expressam seus sentimentos sem medo.
2 comentários:
Muito legal essa iniciativa de falar sobre o rap na Tapera. Acho que deveria ser um assunto explorado mais vezes nos posts. É um incentivo pros próprios rappers do bairro ver isso.
Achei muito interessante.
Beijo
Hudson,
Muito legal teu post e ótima a tua iniciativa de conversar com os rapeiros da Tapera. Minha dica, grava uma musica e posta no teu blog como um podcast ou YouTube. Explora os recursos multimidia. Não fica só no texto. Você vai ver como fica legal.
Um abraço
Castilho
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